domingo, 10 de julho de 2011

Muitos carros famosos tiveram seus nomes escritos na História do Automóvel. O Ford modelo "T" pode ser citado como o exemplo mais significativo. Foi, sem dúvida, um fenômeno sem paralelo. Não somente como máquina, mas também pelo alcance social e cultural. Foi o primeiro carro que chegou ao povo, devido ao baixo custo (seu preço inicial, em 1908, era de 3.000 dólares, mas em 1927, os últimos carros contruídos custavam 270 dólares), sua grande resistência e à diversificação de modelos. Outros exemplos podem ser citados, como as "baratas" Cadillac Sport, os Marmon, Packard, etc. Em nenhum deles, entretanto, se havia percebido a influência da aerodinâmica. Os únicos veículos anteriores aos Chrysler Airflow onde esse efeito foi estudado foram o Peugeot 402 e o Silver Arrow 1933, este último, um carro produzido sob encomenda, em pequena escala. Carro de produção em massa, o Airflow poderia, ainda hoje, ser confundido com um produto moderno, embora um tanto deselegante. Os engenheiros da Chrysler juntaram as características mais avançadas de carroceria e chassi e projetaram um novo carro de desenho realmente revolucionário, adaptado às necessidades da produção em série. No modelo de 1932, as grades do radiador deixaram de ser planas e tomaram a conformação de um "V", inclinados para trás. Os faróis carenados e os pára-lamas traseiros começavam a usar saias. As suspensões de então, deixavam muito a desejar, devido à conformação das molas e só eram realmente cômodos os carros mais pesados. O novo Chrysler, desenhado em função dos testes em túnel de vento e muitíssimo rodado (pelos protótipos em estradas desertas), quando foi apresentado ao público, provocou verdadeiro choque, pois, apesar de apresentar inovações que, atualmente, são encontradas em todos os automóveis, era diferente de tudo aquilo que se estava acostumado a ver em matéria de autoveículos. Seu chassi tinha um novo desenho e nele era rebitada a carroceria em curtos espaços; o motor era colocado sobre o eixo dianteiro e a suspensão, com molas longas, era muito mais suave. O centro de gravidade, bem mais baixo, e o tratamento aerodinâmico emprestavam ao veículo um estabilidade incomum nos carros de sua época. Sua carroceria com poucas arestas, faróis embutidos, pára-brisa encurvado e inclinado para trás, saias recobrindo grande parte das rodas traseiras e o pneu sobressalente coberto, davam ao carro um coeficiente de resistência aerodinâmica pouco superior a 0,5, o que permitia uma maior economia de combustível e maior velocidade. Além disso, a habitabilidade abriu novos horizontes em questão de comodidade. Além do maior espaço interno que foi conseguido pela distribuição racional dos componentes mecânicos, o banco dianteiro acomodava três pessoas e o traseiro, tão cômodo como aquele, vinha colocado 50cm para frente do eixo de trás, ao contrário dos carros da mesma época, em que esse banco vinha sobre o eixo, o que implicava desconforto e numa maior altura da carroceria. Tudo isso não impediu que o Airflow fosse o fracasso que os fatos mostraram. As mais variadas hipóteses tentam explicar a razão disso. Dizem uns que o motivo principal foi a quebra muito brusca das tradições de um mercado extremamente conservador; outros, que a culpa recai no departamento de produção, que, realizando um carro de desenho tão radical, permitiu ao público o ensejo de especular sobre as possíveis falhas do novo carro. Há ainda os que tentam explicar o fato alegando extrema falta de beleza e fraca divulgação. O que aconteceu, foi que, três meses apenas depois de lançado, o Airflow foi abandonado, tendo causado à Chrysler um prejuízo tal que quase a levou à falência. Hoje, no entanto, suas qualidades estão comprovadas e suas características mais de dez anos avançadas em relação a outros modelos, foram, praticamente todas, introduzidas nos modelos posteriores de outras marcas. Morreu, assim, no lançamento o que poderia ter antecipado a revolução do mundo automobilístico. Dentro e fora, o Chrysler Airflow é avançadíssimo - tão avançado que não é aceito pelo público comprador. Seus princípios, porém, ficam e são vistos em praticamente todos os carros de hoje. O Airflow é o primeiro a ser desenhado em túnel de vento. É tão forte que é jogado de 25 metros de altura e chega inteiro Radical demais, contrasta fortemente com o padrão do tempo Chrysler Airflow 1935, 8 cilindros em linha, 323.5", 138 HP



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uitos carros famosos tiveram seus nomes escritos na História do Automóvel. O Ford modelo "T" pode ser citado como o exemplo mais significativo. Foi, sem dúvida, um fenômeno sem paralelo. Não somente como máquina, mas também pelo alcance social e cultural. Foi o primeiro carro que chegou ao povo, devido ao baixo custo (seu preço inicial, em 1908, era de 3.000 dólares, mas em 1927, os últimos carros contruídos custavam 270 dólares), sua grande resistência e à diversificação de modelos. Outros exemplos podem ser citados, como as "baratas" Cadillac Sport, os Marmon, Packard, etc. Em nenhum deles, entretanto, se havia percebido a influência da aerodinâmica. Os únicos veículos anteriores aos Chrysler Airflow onde esse efeito foi estudado foram o Peugeot 402 e o Silver Arrow 1933, este último, um carro produzido sob encomenda, em pequena escala.
Carro de produção em massa, o Airflow poderia, ainda hoje, ser confundido com um produto moderno, embora um tanto deselegante. Os engenheiros da Chrysler juntaram as características mais avançadas de carroceria e chassi e projetaram um novo carro de desenho realmente revolucionário, adaptado às necessidades da produção em série. No modelo de 1932, as grades do radiador deixaram de ser planas e tomaram a conformação de um "V", inclinados para trás. Os faróis carenados e os pára-lamas traseiros começavam a usar saias. As suspensões de então, deixavam muito a desejar, devido à conformação das molas e só eram realmente cômodos os carros mais pesados.
O novo Chrysler, desenhado em função dos testes em túnel de vento e muitíssimo rodado (pelos protótipos em estradas desertas), quando foi apresentado ao público, provocou verdadeiro choque, pois, apesar de apresentar inovações que, atualmente, são encontradas em todos os automóveis, era diferente de tudo aquilo que se estava acostumado a ver em matéria de autoveículos. Seu chassi tinha um novo desenho e nele era rebitada a carroceria em curtos espaços; o motor era colocado sobre o eixo dianteiro e a suspensão, com molas longas, era muito mais suave. O centro de gravidade, bem mais baixo, e o tratamento aerodinâmico emprestavam ao veículo um estabilidade incomum nos carros de sua época. Sua carroceria com poucas arestas, faróis embutidos, pára-brisa encurvado e inclinado para trás, saias recobrindo grande parte das rodas traseiras e o pneu sobressalente coberto, davam ao carro um coeficiente de resistência aerodinâmica pouco superior a 0,5, o que permitia uma maior economia de combustível e maior velocidade. Além disso, a habitabilidade abriu novos horizontes em questão de comodidade. Além do maior espaço interno que foi conseguido pela distribuição racional dos componentes mecânicos, o banco dianteiro acomodava três pessoas e o traseiro, tão cômodo como aquele, vinha colocado 50cm para frente do eixo de trás, ao contrário dos carros da mesma época, em que esse banco vinha sobre o eixo, o que implicava desconforto e numa maior altura da carroceria.
Tudo isso não impediu que o Airflow fosse o fracasso que os fatos mostraram. As mais variadas hipóteses tentam explicar a razão disso. Dizem uns que o motivo principal foi a quebra muito brusca das tradições de um mercado extremamente conservador; outros, que a culpa recai no departamento de produção, que, realizando um carro de desenho tão radical, permitiu ao público o ensejo de especular sobre as possíveis falhas do novo carro. Há ainda os que tentam explicar o fato alegando extrema falta de beleza e fraca divulgação. O que aconteceu, foi que, três meses apenas depois de lançado, o Airflow foi abandonado, tendo causado à Chrysler um prejuízo tal que quase a levou à falência.

Hoje, no entanto, suas qualidades estão comprovadas e suas características mais de dez anos avançadas em relação a outros modelos, foram, praticamente todas, introduzidas nos modelos posteriores de outras marcas. Morreu, assim, no lançamento o que poderia ter antecipado a revolução do mundo automobilístico.
Dentro e fora, o Chrysler Airflow é avançadíssimo - tão avançado que não é aceito pelo público comprador. Seus princípios, porém, ficam e são vistos em praticamente todos os carros de hoje.
 
 
 



O Airflow é o primeiro a ser desenhado em túnel de vento.
É tão forte que é jogado de 25 metros de altura e chega inteiro
 

Radical demais, contrasta fortemente com o padrão do tempo
 
Chrysler Airflow 1935, 8 cilindros em linha, 323.5", 138 HP
 


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